A acreditar nos jornais do último fim-de-semana, o líder do PSD é Pedro Passos Coelho. Presume-se que tenha havido um golpe palaciano do qual a comunicação social não foi informada porque, enquanto Passos Coelho prima pela presença, Manuela Ferreira Leite inova pela ausência.(…)
O problema de Manuela Ferreira Leite e da sua direcção é que está a fazer da gestão do silêncio um fim e não um meio. E deixou-se de perceber se o silêncio é uma arma política inteligente ou se ele existe porque não se sabe o que se deve dizer. O objectivo do PSD, como o de qualquer partido da oposição, é o poder. Se não se sabe, ou não se quer, prometer a mudança para o conseguir, então é porque a oposição já está cansada antes de começar a correr. Pedro Passos Coelho entendeu-o e está a dizer tudo aquilo que a liderança do PSD cala. (…) Manuela Ferreira Leite e os seus conselheiros ainda não sabem quando devem lutar e, muito menos, quando não devem lutar. O PSD tem Manuela Ferreira Leite e tem Pedro Passos Coelho. Uma cala e o outro fala.
Etiquetas: Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho, PSD
Agosto 31, 2008 às 4:22 am |
Vou repetir aqui uns comentário que fiz no blogue do Paulo Gorjão a um post que ia no mesmo sentido que o seu, porque me parece que não está a analisar o conjunto dos acontecimentos no contexto, o que inverteria a conclusão que tirou:
“Tenho que discordar da sua conclusão [dizia que entendia ser necessário apresentar soluções para os problemas do país]. De um ponto de vista estratégico (o PSD quer primeiro ser eleito para depois ajudar o país) pasmo com a inteligência desta campanha de gestão de expectativas. Quanto mais tempo o PSD conseguir ficar calado melhor se sairá (continuará a ser criticado pelo silêncio mas esta crítica, pela sua repetição, perderá efeito), enquanto que o Governo continuará debaixo de fogo e sem capacidade de resposta imediata a todos os temas que a comunicação social encontrará todos os dias para encher os respectivos chouriços (a não ser que aconteça isto – http://br.youtube.com/watch?v=9wHFlxW606o). Parece Kutuzov a deixar dançar Napoleão. Saiba o PSD continuar o jogo e não me surpreenderia uma vitória nas eleições.”
Ao que juntei, após um comentário do Paulo Gorjão que dizia ser necessário mais do que silêncio para conquistar o eleitorado e que mantinha as suas dúvidas sobre esta eventual estratégia:
“Concordo em absoluto com o seu comentário, mas continuo a achar brilhante como pensamento estratégico o que isto (que seguramente existe e é parte de um todo consequente) anuncia. Em pouco tempo colocou todas as peças relevantes do jogo em movimentos favoráveis à actual liderança e ao partido – o PS e o Governo baralhados e descoordenados, o anterior líder do PSD a descapitalizar o que havia conseguido com o abandono do cargo, a comunicação social quase em silêncio sobre o PSD (compare-se com o que acontecia antes destas eleições em que se falava constantemente da fragmentação e desaparecimento deste) e o eleitorado cada vez mais insatisfeito com o estado do país (o que inevitavelmente cairá em cima do Governo). Deram um primeiro passo seguro e tiveram o tempo necessário para estruturar propostas políticas coerentes. O PSD, que parecia juntar-se ao PS a caminho disto (http://br.youtube.com/watch?v=9MBBr-a2KnM&feature=user), através de uma operação de uma brutal simplicidade (http://br.youtube.com/watch?v=jwMj3PJDxuo) parece-me iniciar um rumo conducente à vitória nas eleições. Bem sei que não chega, mas em poucos meses já fizeram mais do que eu acreditava ser possível fazer até às eleições (tiveram também a sorte (azar o nosso) de ter uma conjuntura económica e social especialmente desfavorável para um governo socialista).”