Do ya feel lucky? Punk?

Tinha bastantes dúvidas em escrever sobre o caso do assalto à dependência do BES. O uso deste grau de violência por parte do Estado é apenas aceite, pela população, em face dos resultados obtidos, algo muito perigoso para se fazer.

Acontece que, dê lá por onde der, desta vez tudo acabou bem para os reféns. Se não tivesse sido este o desfecho, como era? Imaginem que os assaltantes não eram dois brasileiros que assaltam uma dependência no dia seguinte a um roubo de uma caixa multibanco num tribunal, mas gente mais dura, com preparação militar e pronta a responder com mesmo nível de violência mas com muito mais eficácia? Imaginem que tínhamos um banho de sangue?

Não é simples nem fácil. O João Miranda levanta algumas questões da maior importância, é bom que se perceba que este resultado implica um falhanço da parte dos negociadores e ainda há que saber se esse resultado terá alguma ligação com o assalto a um tribunal no dia anterior e escalada de crimes violentos ao longo dos últimos dois anos? Isto foi o quê? A única resposta possível ou um aviso? Estas questões não podem ser postas de parte ou ignoradas em nome dos resultados obtidos desta vez e ainda menos em nome do velho argumento que “é bom que essa gandulagem saiba que há limites!”.

O Rui Castro bem pode citar os artigos que quiser, à legitima defesa contrapõe-se o seu excesso e o que não pode ser ignorado é o escrutínio sério do uso deste nivel de violência por parte do Estado, ouvir um Ministro a gagejar por causa da escalada de violência nos crimes em Portugal é tão grave como ouvir o mesmo Ministro tecer loas à rapidez com que a policia resolveu este imbróglio. Isto não foi uma solução e eu quero saber se não havia mesmo outro resultado possível.

Etiquetas: , , , ,

Deixe um comentário