Foi com muito interesse que li os textos do Bruno Alves e do André,
Estou numa posição especialmente privilegiada para olhar para esta candidatura, estive especialmente ligado à liderança de Marques Mendes, à actividade parlamentar sob a liderança de Marques Guedes e nas directas estive ao lado de Passos Coelho. A minha escolha, o apoio activo que dei a Passos Coelho, deveu-se a uma conjugação de encontro de objectivos programáticos e o conjunto de acontecimentos que levou à saída de Marques Mendes onde a acção e inacção de actores políticos como Manuela Ferreira Leite não foram passíveis de ignorar.
Foi com alguma perplexidade que vi as minhas mais sérias objecções à eleição de Manuela Ferreira Leite confirmadas esta semana. Bruno Alves escreveu os argumentos que há 7 ou 8 meses me ajudaram a fazer uma escolha que julgo a acertada, que como de resto ainda há pouco afirmou, gostaria de fazer um caminho próprio sem com isso deixar de ser um apoio a esta direcção*.
De facto, “ao dar a sua caução a uma candidatura de Santana à capital, Ferreira Leite está a fazer o PSD recuar aos tempos pré-Marques Mendes, está a deitar abaixo o trabalho por este realizado após ter percebido que, para tornar o partido numa alternativa credível a nível nacional, poderia ser necessário sacrificar as perspectivas eleitorais a nível autárquico”.
Todos sabemos o que isso custou a Marques Mendes e qual o apoio objectivo de MFL que se dividiu entre um apoio institucional, quase envergonhado a Fernando Negrão – oferecido em sacrifício – e um silêncio assassino de apoio a Mendes nas directas contra Menezes quebrado no dia da votação quando já nada havia a fazer. Esta forma de encarar as opções que se tem muitas vezes de fazer em política não era afinal uma excepção mas como a escolha de Santana Lopes para Lisboa confirma era e é a regra.
A escolha de Santana Lopes já me foi justificada de três maneiras distintas: pura opção política, ou seja, Santana tem óptimas sondagens contra Costa, o que para alem de sugerir uma confusão entre política e previsões implica ignorar e sobretudo subestimar as competências de Costa numa campanha eleitoral em que a comunicação social em peso vai estar com ele.
A segunda justificação é a conspirativa-ó-tactica-ó-tonta, a escolha de Santana é parte de um plano tresloucado que visa “enterrar” definitivamente o cadáver Santana no cemitério político. Aqui remeto para o que escreveu Bruno Alves, as tentativas de celebrar o funeral de Santana levam normalmente os coveiros a entrarem na cova e ficarem lá eles.
A terceira reza que assim MFL acaba com a ameaça de um Congresso extraordinário e a viabilidade dos movimentos Menezistas contra a sua liderança.
Fora a segunda justificação, é bem possível que a escolha de Santana resulte de uma alegre misturada entre a primeira e a terceira justificações.
Menezes, que devia receber uma medalha pelas ajudas que dá a MFL de cada vez que a ataca, escreve ao contrário do habitual algo objectivamente válido – a opção de Ferreira Leite para a candidatura à autarquia da capital «é mais um acto de descarada falta de verticalidade» e «uma falta de seriedade intelectual levada ao extremo do eticamente absurdo» – e é realmente a mensagem que fica de MFL no fim disto tudo, para quem nela votou de forma convicta, apostando numa candidata que seria a rotura com o passado populista de Menezes e Santana e que agora se vê a olhar para o horizonte certinha que desta decisão, independentemente do seu resultado final, o tal PSD de rotura desapareceu para sempre sob a direcção de MFL. Essa é que é essa.
*(de resto Bruno Alves comete um erro de análise quando escreve que Passos se teria aliado a Menezes nas directas, fundamentalmente diferente do que realmente se passou, para isso bastando olhar para a divisão de votos em Gaia, Braga e Madeira onde todos os resultados pró-Santana. Uma coisa é aliar-se outra é aceitar incondicionalmente os seus apoios. Este incondicionalmente custou muitos votos a Passos Coelho)