Talvez seja má vontade minha, mas foi com incredulidade que recebi a maravilhosa notícia do Sr. Primeiro-Ministro. Portugal tem as contas públicas controladas, é o fim da crise orçamental e a resolução de todos os factores que a motivaram.
Talvez seja má vontade minha, mas a descida “prudente e responsável” de hoje, era leviana e irresponsável ontem.
Talvez seja má vontade minha, mas as causas da crise orçamental que impediam descidas ontem não desapareceram hoje.
Talvez seja má vontade minha, mas para alem do óbvio objectivo eleitoralista não vejo em que Portugal é que esta medida irá aliviar o esforço dos portugueses.
Talvez seja má vontade minha, mas gostava de saber que tipo de cambalhota é que Menezes irá agora dar para contrapor à estratégia de Sócrates.
Talvez seja má vontade minha, mas o Portugal de Menezes e Sócrates é o outro qualquer que não este onde eu vivo.
É que neste Portugal, a contenção do défice não indicou a resolução de nenhuma das causas da crise em que vivemos.
Neste Portugal, os factores que motivaram a crise orçamental estão todos bem e recomendam-se.
Neste Portugal, Sócrates e Menezes são gémeos separados à nascença. Iguais na esquizofrenia política, na falta de vergonha e de estatura para exercerem os cargos que por desgraça e culpa de todos nós ocupam.