Já não me lembro bem que escreveu, mas julgo que foi VPV, a propósito da entrada de Zita Seabra no PSD, das saídas de Judas e Vital Moreira do PCP, que só à direita é que essas “transferências” eram vistas com simpatia. Á esquerda, ninguém veria com bons olhos a chegada de alguém da direita, Roseta nunca teria sido realmente bem aceite, como há pouco tempo Freitas do Amaral teria sido simplesmente tolerado.
Quanto aos comunistas, a coisa era ainda mais clara, tais casos não se distinguiram na prática dos traidores dos valores do Partido que dele saíram para se estabelecerem junto da burguesia. É por isso que sempre me espantou a escolha de Vital Moreira. Não agradava ao centro mais politizado que nunca deixou de o ver como alguém que demorou décadas para perceber o que era claro desde 21 de Agosto de 1968, nem à extrema-esquerda que nunca o deixou de ver como um traidor à causa e aos valores.
Porque raio terá Sócrates escolhido uma figura tão controversa para cabeça de lista? Sócrates é um animal político – não é necessariamente um elogio mas a constatação de uma realidade – se a escolha de Vital não se deve à sua alegada competência, que mesmo que fosse um facto incontroverso, não é uma qualidade que necessariamente atrai votos, qual é a vantagem de Vital para Sócrates?
Houve quem me defendesse que a escolha destinava-se a justificar uma possível derrota, duvido. Estas não são apenas eleições europeias, são muito mais que isso, Sócrates sabe disso muitíssimo bem e ou está confiante que a data da mesma, conjugada com a enorme abstenção que se prevê, acabe por dar uma vitória ao PS, ou há algo que ainda não vimos que redima o PS aos olhos do eleitorado.
Tb aqui