Archive for the ‘Terrorismo’ Category

Evitar um novo 11/09

Dezembro 9, 2009

(continuação)

Em 1989, quando os últimos soldados da hoje extinta União Soviética, retiravam do Afeganistão. Para trás ficava um país feito em ruínas, 20 anos de guerra contínua tinham destruído toda a sociedade civil afegã, o sistema de clãs e a família, elementos fundamentais para assegurar o necessário apoio económico e social numa economia que como o país era árida.

No fim da década de noventa, no Afeganistão, 18% dos recém-nascidos não sobreviviam ao parto e 1/4 das crianças morriam antes dos 5 anos de doenças facilmente tratáveis em países do mundo desenvolvido. A esperança de vida não ultrapassava os 40 anos, 29% da população tinha acesso à saúde, 12% a água potável.

Durante a guerra grande parte das estruturas necessárias ao funcionamento do país fora destruída, escolas foram destruídas no Afeganistão rural, afectando mais de 60% das crianças afegãs e a chegada dos Talibãs veio piorar a situação. Ao entrar em Cabul fecharam cerca de 60 escolas, pondo na rua 11 mil professores, 8 mil era mulheres, 100 mil raparigas e 150 mil rapazes. Fecharam a Universidade com 10 mil alunos, 4 mil eram mulheres.

Todos sabemos o que se seguiu, ou pelo menos sabemos parte: A Sharia substituiu a necessidade de qualquer Constituição. A visão radical do Islão não podia ser de forma alguma questionada, polícias de costumes sem qualquer formação ou pelo menos uma formação rudimentar nas madrassas do Paquistão, vigiavam as ruas. O desporto que nunca foi totalmente proibido tinha regras simples para se poder assistir. Nenhuma mulher podia estar presente, não se podia bater palmas e o único grito de incentivo às equipas que se podia proferir era “Allah-o-Akbar”. Música e até papagaios de papel foram proibidos

Em 1996 a ONU pediu 124 milhões de dólares para a ajuda ao Afeganistão, foram aprovados 65 milhões, em 97 foram pedidos 133 milhões e aprovados 43% desse valor, em 99 já só se pediam 100 milhões mas já era tarde e o mal estava semeado.

Afeganistão

Dezembro 4, 2009

Obama voltou a sublinhar aquela que devia ter sido a prioridade absoluta na guerra contra o terrorismo. O envio de tropas para o local que constitui o verdadeiro foco do terrorismo global e que, ao contrário de outras organizações terroristas mais politizadas, tem como agenda a execução de actos de agressão que impliquem a morte do maior número de pessoas possível.

Passo a explicar: ao contrário da Al-Qaeda, outras organizações terroristas têm ambições a nível regional e político que não são compatibilizáveis com perdas de vidas humanas ao nível de um 11/09. A execução de um atentado dessa magnitude implicaria a imediata perda de apoio internacional e regional para as suas causas, uma inevitável perda de apoio financeiro que significaria o fim das mesmas organizações.

Esse obstáculo não existe para a Al-Qaeda, cujas fontes de financiamento se tem gradualmente tornado menos visíveis no sistema financeiro, retornando ao tradicional acordo verbal e cuja validade (aos olhos do seus membros) não é objecto da mais vaga discussão.

A Al-Qaeda não visa a substituição de regimes ou o apenas o fim da existência do Estado de Israel, os operacionais – pelo menos os originais – de Bin Laden foram recrutados de um cenário pós-guerra, dos campos de refugiados na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, onde a média de idades não ultrapassava os 32 anos, onde o Corão foi ensinado por gente que nem sabia ler, doutrinados na mística do guerreiro sagrado cuja missão última era a imposição do Corão pela força e no conceito do martírio, hoje nada mudou. Estes jovens não olhavam e nem olham para o ocidente à procura de diálogo. Não há diálogo possível com os que não obedecem à sua visão das palavras do Profeta, sejam ou não muçulmanos.

A forma como estes jovens, velhos aos 20 anos de idade, olham para a sua terra é muito reveladora: A sua localização torna-o um corredor entre o Irão, toda a região árabe, a Índia e entre a Ásia Central e o sul da Ásia. Para eles, a sua terra é, como nas palavras do poeta indiano Iqbal, o “coração da Ásia”. O próprio terreno, célebre pela mistura entre sistemas montanhosos áridos e vales luxuriantes, tornaram-no num lugar onde nascem lendários guerreiros e inevitavelmente sagrados. Quando só se tem 30 anos para viver, quando aos 15 anos já vivemos metade da nossa vida, esta visão do mundo e de nossa condição deve ser terrivelmente confortante. Todo o sofrimento tem uma justificação e um destino, se ele é bom aos olhos de Deus melhor ainda.

A questão que sobra e não é uma questão menor é esta: Não basta, embora seja absolutamente necessário, dotar o Afeganistão de meios para anular esta gente, o que em si não é sequer uma novidade para a população. Invadida vezes sem conta, desde as invasões arianas à 6000 anos atrás, viu todo o tipo de civilizações nascer e desaparecer.

Pouca gente poderá apreciar a situação se não souber que e a título de exemplo Kandahar, a segunda cidade mais populosa do Afeganistão e habitada desde o anos 500 A.C. e fica ao lado de uma vila fundada algures no ano 3000 A.C., conhecida pela sua localização na intersecção entre as principais rotas de comercio entre a Índia e o Oriente, famosa pelos pomares que a rodeavam e que em 1990 pouco mais eram do que um gigantesco campo de cultivo de papoilas na cidade mais minada do planeta. A história e a cultura locais de Kandahar foram arrasadas e o que sobrou presta-se aos mais variados abusos, como o Templo da Capa do Profeta, capa essa que o famoso Mullah Omar, líder Taliban que protegia Bin Laden, mostrou à população que o baptizou Líder dos Crentes.

Logo, não se trata de determinar se 30 000 soldados serão suficientes, provavelmente não serão, mas se é possível repor os princípios de uma região que teve cidades dedicadas à Cultura, cidades que foram conhecidas pela sua ligação à educação e ao conhecimento, lugares que ultrapassaram em muito, por exemplo, os valores ocidentais da emancipação da mulher. Sítios que os Talibãs – financiados pelos contrabandistas de droga e armas – arrasaram e tentaram apagar da memória. Falta no fundo fazer aquilo que a comunidade internacional não fez no Afeganistão pós-soviético e se não fizer outra vez, se não financiar a paz nos mesmos moldes em que financiou a guerra, será uma questão de tempo até um novo 11/09.

O que é isso de uma Aliança de Civilizações? II

Abril 8, 2009

Sabemos hoje que Obama evitou estar presente no fórum da Aliança de Civilizações, haverá muitas razões para tal, sendo que as principais já tinham sido adiantadas em várias alturas. Não são mal-entendidos como adianta o Gabriel Silva, são de facto bem mais que isso.

Há tempos alertei para um artigo da Heritage Foundation (via Paulo Gorjão) sobre algumas das razões que poderiam levar Obama a não perder o seu tempo nesta iniciativa e de facto assim foi.

ain16551Há ainda menos tempo voltei a escrever sobre o assunto, houve quem adivinhasse algum pessimismo nas minhas palavras e tinha alguma razão. Na altura escrevi que “um sistema de valores, filosóficos, culturais, religiosos e ideológicos existe como emanação dos povos que o partilham, não tem como fim ser aceite ou tolerado por um outro sistema que pode muito bem ser diametralmente oposto.

É certo que esse mesmo sistema pode advogar princípios de tolerância para com a diferença mas se confrontado com uma ameaça à sua existência reage de forma a garantir a sua sobrevivência.”

Bernard Lewis, no seu livro “O Médio Oriente e o Ocidente. O que correu mal?”, lembrou que no “Ocidente havia há muito o hábito de pensar em bom ou mau governo em termos de tirania versus liberdade. Tradicionalmente, no Médio Oriente, imunidade ou liberdade eram vistos como conceitos legais e não políticos. (…) ao contrário do Ocidente, os Muçulmanos não utilizavam a escravidão e liberdade como metáforas políticas. (…) o oposto da tirania não era liberdade, mas justiça.”

Aqui está uma diferença entre duas civilizações que não pode ser apagada por qualquer documento que advogue o recurso a uma linguagem que “esconda” essa mesma diferença em nome de uma melhor compreensão do próximo.

O discurso politicamente correcto não serve nada nem ninguém, mas apenas tenta perpetuar a ilusão que não há diferenças que quando são ignoradas matam.

Já publicado aqui

Entretanto na Circolândia

Janeiro 7, 2009

Israel decide hoje se expulsa adido da Embaixada Venezuelana em resposta à expulsão do Embaixador Israelita por Chavez.

Razões para se fazer manifs

Janeiro 6, 2009

Durante o cessar fogo o Hamas disparou 329 misseis e morteiros, antes de 19 de Julho e desde que ganhou as eleições foram disparados 2278 misseis e morteiros, no dia 3 de Novembro de 2008 – durante o cessar fogo – o exercito israelita descobre um tunel de 250 metros por debaixo da fronteira para uso das Brigadas Qassam em acções militares, há troca de tiros e o Hamas responde com 30 misseis nesse mesmo dia, na prática a trégua acabou ali definitivamente.

Fontes sauditas relatam que o Hamas prometera às autoridades sauditas convencer os seus seguidores da necessidade do reconhecimento do estado de Israel, para tal falaram num prazo de 3 meses após a sua vitória nas eleições. Uma facção das Brigadas Qassam opôs-se vigorosamente, na Palestina, Egipto e outros Estados Árabes avisam o Hamas para não quebrar o cessar-fogo enquanto acusavam o Irão de querer forçar um conflito.

O resto é o que se vê.

Ler:

Uma pergunta aqui, outras ali e um wake-up call.

A ligação Irão-Venzuela

Março 21, 2008

“A witness to the beginning of Iranian-Venezuelan relations is Manuchehr Honarmand, an Iranian dissident journalist… Honarmand is a Dutch citizen who used to write columns for the Iranian opposition daily Kayhan International, based in London. In December 2002, he travelled to the U.S. to expand Kayhan distribution, and passed through Caracas. While in transit at the Caracas airport, waiting for a connecting flight, he was approached first by two Iranians, who asked him for information about himself, and shortly thereafter by two uniformed Venezuelan policemen.

“They handcuffed him and brought him to an office behind the transit area. Then the Venezuelan police beat him and forced him to sign papers in Spanish, which he was unable to understand. A few hours later, Honarmand found himself in a dark cell in Caracas, charged, on no evidence, with transporting drugs in a suitcase. For the first few months, the Venezuelan authorities refused to allow him to contact the Netherlands Embassy. According to the report by the Venezuelan National Guard, the suitcase [in question] was found with a Copa Airlines (a South American company) luggage tag, while Honarmand had been travelling on a KLM flight. Honarmand was robbed of his luggage and his money, and his papers and Dutch passport were confiscated.”

“Honarmand was freed only in 2005, after 3 years, thanks to pressure by the Dutch government. He now lives in the Netherlands, but that experience has marked his life as a human being and as a journalist. Following his release, he devoted much of his work to gathering information on the nature of the ties between Tehran and Caracas.”

daqui 

Cartoons Iranianos

Março 21, 2008

Entre Fevereiro e Março de 2008 a televisão iraniana transmitiu uma série de desenhos animados. O título era “A criança e o invasor” e pode ver um resumo de 28 minutos aqui.

O invasor é um soldado israelita cujos os planos maléficos têm sempre uma resposta pronta da criança ao estilo Looney Tunes.

Curiosamente ou não, o judeu invasor consegue sempre fazer algum mal, a criança consegue sempre vingar-se sob o som de risos e aplausos.

Cada um veja por si e tire as conclusões que entender. Eu há muito que tirei as minhas. Este tipo de propaganda só as confirma.