Em 1989, quando os últimos soldados da hoje extinta União Soviética, retiravam do Afeganistão. Para trás ficava um país feito em ruínas, 20 anos de guerra contínua tinham destruído toda a sociedade civil afegã, o sistema de clãs e a família, elementos fundamentais para assegurar o necessário apoio económico e social numa economia que como o país era árida.
No fim da década de noventa, no Afeganistão, 18% dos recém-nascidos não sobreviviam ao parto e 1/4 das crianças morriam antes dos 5 anos de doenças facilmente tratáveis em países do mundo desenvolvido. A esperança de vida não ultrapassava os 40 anos, 29% da população tinha acesso à saúde, 12% a água potável.
Durante a guerra grande parte das estruturas necessárias ao funcionamento do país fora destruída, escolas foram destruídas no Afeganistão rural, afectando mais de 60% das crianças afegãs e a chegada dos Talibãs veio piorar a situação. Ao entrar em Cabul fecharam cerca de 60 escolas, pondo na rua 11 mil professores, 8 mil era mulheres, 100 mil raparigas e 150 mil rapazes. Fecharam a Universidade com 10 mil alunos, 4 mil eram mulheres.
Todos sabemos o que se seguiu, ou pelo menos sabemos parte: A Sharia substituiu a necessidade de qualquer Constituição. A visão radical do Islão não podia ser de forma alguma questionada, polícias de costumes sem qualquer formação ou pelo menos uma formação rudimentar nas madrassas do Paquistão, vigiavam as ruas. O desporto que nunca foi totalmente proibido tinha regras simples para se poder assistir. Nenhuma mulher podia estar presente, não se podia bater palmas e o único grito de incentivo às equipas que se podia proferir era “Allah-o-Akbar”. Música e até papagaios de papel foram proibidos
Em 1996 a ONU pediu 124 milhões de dólares para a ajuda ao Afeganistão, foram aprovados 65 milhões, em 97 foram pedidos 133 milhões e aprovados 43% desse valor, em 99 já só se pediam 100 milhões mas já era tarde e o mal estava semeado.
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