A história do filme de Copenhaga vem exemplificar tudo aquilo que considero errado no tratamento da questão do aquecimento global e boa parte da forma com abordamos as questões do ambiente. Notem, não vejo mal que se recorra a uma imagem forte para fazer passar uma mensagem, a questão é que há quem defenda a tomada de decisões com base no que parece ser pura especulação e não provas. Há mais imagem que dados científicos, há mais politização do que a aceitação do mero direito a algum cepticismo.
O que há é sobretudo falta de humildade. Nos anos 60 previu-se a morte de milhões de pessoas em 1990, apenas nos EUA, porque o aumento da população daria origem, sem margem para qualquer dúvida, a uma fome universal. Nos anos 70 relatórios da ONU denunciavam a inevitabilidade de uma nova idade do gelo e a necessidade de um plano de contingência a nível mundial para “preparar” o mundo. Se não for o ambiente é só nos lembrarmos os milhões previstos e gastos em planos de emergência para fazer face ao bug do ano 2000 que, mais uma vez sem margem para dúvidas, ia enviar o mundo de volta para a Idade da Pedra.
Agora estamos soterrados em certezas absolutas que impõem que se nada for feito, uma impossibilidade lógica porque o mundo não pára apenas porque não anda tão depressa como nos convém, vamos morrer ora de sede, ora afogados, sempre ajudados (que é para percebermos bem os horrores que se avizinham) por algum filme-catástrofe abrilhantado pelo casal mais sexy de hollywood.
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