Existe uma nova estrela na blogosfera, o seu nome é Carlos Santos, escreve (e muito) no Valor das Ideias e está apostado em não permitir que o ignorem.
Há algo de enternecedor nele, confesso.
Afinal não se pode deixar de gostar de um homem que se esforça tanto para ser notado. Parafraseando uma passagem de um livro de Tom Sharpe, cujas personagens típicas partilham com Carlos Santos algumas características comuns, há ali um interesse exclusivo em si próprio que transcende o Eu, tornando-se numa coisa imutável e absoluta e procurando gerar uma auto-suficiência divina.
Enquanto essa auto-suficiência não surge, o homem faz biquinho e trata de chamar a atenção para a sua presença.
Em primeiro lugar, chama nomes. Não diz palavrões, antes sugere-os com a elegância de um martelo pneumático, depois espera reacções e enquanto não vierem, meus queridos, enquanto não vierem o homem não pára! Quando finalmente ela vem, fica terrivelmente tocado com a falta de Fair Play daqueles a quem ele dedicou tantas horas. Então mostra-se magoado, injustiçado e derrama olimpicamente (em 10 parágrafos) a sua justa indignação.
Em segundo lugar, usa com gosto o argumento ad hominem, ainda que com alguma dificuldade e sem a elegância que rendeu tão bons resultados a Lenine mas que o nosso amigo gosta de misturar com uma espécie de argumento de omnisciência com o apelo à ignorância (argumentum ex silentio). Isso facilita muito o raciocínio e poupa maçadas, alem de providenciar ao nosso amigo alguma paz de espírito. Coisa que todos os que são objecto da sua extremosa atenção desejam com ainda maior ardor.
Em último lugar – mas tenho esperança que ele descubra outros meios – recorre ao argumento post hoc, ergo propter hoc, mas que no caso dele se reduz ao conhecido branco é a galinha o põe, sendo que o tempo, lugar, modo são coisas que só complicam.
Prevejo grandes sucessos para o Carlos Santos não fosse Portugal um país que adora esta gente.
Maio 14, 2009 às 12:56 pm |
Na mouche.
Maio 16, 2009 às 4:17 pm |
Refinado, bis!