Leio, bem disposto, uma extraordinária proposta de Marco António Costa, número dois de Gaia, à lei eleitoral autárquica, em que “um período mínimo de não militância partidária” para as candidaturas independentes visa acabar com as listas independentes resultantes de rupturas partidárias, como foi o caso de Isaltino Morais (Oeiras), Valentim Loureiro (Gondomar) e Helena Roseta (Lisboa). Os socialistas concordam com isto, os CDS acha, prudentemente, que é um ponto de partida para se reflectir, o BE desconfia e o PC não sei.
É certo, Marco António sabe-o, que boa parte das candidaturas independentes foram fruto de “birras” e a sua justificação perante a opinião pública, um completo logro.
A questão é, no entanto, mais complexa e não se resolve com períodos de nojo entre saídas do partido e grandes sentimentos de dever para com a causa pública e os já ridículos movimentos cívicos.
A simples tentação de cortar com esses exemplos para o futuro antevê uma perigosa tentação em coarctar a livre e por vezes muito difícil discussão interna dos partidos, mesmo quando essa discussão não passa de uma questão de vaidades e de quem é que deve ser o “presidente da junta”.
Estas tentativas de moralização da vida pública à custa da liberdade de discussão – mesmo quando ela é falha em princípios éticos – tem sempre maus resultados e inevitavelmente empobrece a própria política.
Afonso Azevedo Neves
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